Plástico comestível é criado por pesquisadoras da Unicamp
Na corrida por encontrar soluções ecológicas para o plástico, a pesquisadora Farayde Matta Fakhouri criou um bioplástico flexível, biodegradável e comestível. O produto foi desenvolvido à base de polímeros naturais de fontes renováveis: amido e gelatina.
O plástico ecológico é resultado da tese de doutorado da pesquisadora na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e da Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp. Farayde foi orientada pela professora Lucia Helena Inoocentini Mei, da FEQ, e pela professora Fernanda Paula Collares Queiroz, da FEA.
As três foram reconhecidas pelo Prêmio Inventores 2020, realizada pela Agência Inova Unicamp.
Plástico da Unicamp
Por processo de extrusão termoplástica, o amido e gelatina são colados em uma máquina. Ali são submetidos à alta pressão sem aplicação de solventes. O processo seguinte é chamado de sopro e dali se obtém o bioplástico.
Apesar do uso de polímeros biodegradáveis não ser nova, a técnica do sopro com materiais comestíveis e não tóxicos é uma solução inédita. Tanto que requisitaram patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
“O nosso plástico é atóxico e pode ser utilizado em brinquedos e artigos infantis depois de higienizado. Deste modo, se uma criança levar à boca, não haverá problema”, explica a professora Lucia Mei.
À Agência de Inovação da Unicamp, Farayde explicou que foram testados diversos amidos com diferentes proporções de gelatina até se chegar a formulação ideal. O resultado é um plástico versátil que pode ser aplicados em diversos setores: cosméticos, produtos de higiene, remédios e produtos descartáveis.
A tecnologia foi licenciada pela empresa Attomo que pretende produzir o biofilme e comercializá-lo. A empresa ainda afirmou, à Agência de Inovação, que pretende investir no uso do amido da mandioca. O material já foi usado por pesquisadores da USP para desenvolver um plástico biodegradável transparente e resistente.
Plástico no Brasil
Apesar de ser o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo, o Brasil hoje recicla apenas 1,28% do total produzido. E mesmo que ocorra um milagre na política de reciclagem, não há sistema que dê conta da produção anual de 11,3 milhões de toneladas de plástico.
Além da necessidade urgente de reduzirmos o consumo e das companhias serem responsabilizadas o quanto antes pelo montante de lixo que geram diariamente, é preciso encontrar soluções de substituição onde este material é imprescindível.
O que se espera é que, no futuro, plásticos que não se degradam não sejam aceitáveis. Soluções como esta da Unicamp dão esperança de que, um dia, meses de conscientização, como este Julho Sem Plástico, não sejam mais necessários. Mas, enquanto este dia não chega te convidamos a se juntar na campanha brasileira Liga Zero Descartável e somar nesta luta.
Por Ciclovivo
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