Produção de plástico no mundo pode crescer 50% até 2025 se nada for feito
O consumo de plástico está cada vez mais presente em nossas vidas. Embalagens, garrafas PET e máscaras descartáveis são parte do cotidiano, mas seu consumo excessivo, o descarte errado a baixa reciclagem ameaçam o meio ambiente. Pensando nisso, a Fundação Heinrich Böll lançou, na última segunda-feira (30), o Atlas do Plástico, uma pesquisa que visa analisar a presença e o crescimento do plástico no mundo.
Segundo a publicação, o planeta poderá atingir, já em 2025, mais de 600 milhões de toneladas de plástico produzidas anualmente — um aumento de 50% em relação à produção atual. Isso é preocupante pois o lixo gera poluição nos oceanos, rios e solos, além de consumir, até 2050, de 10% a 13% do limite estimado de emissões de carbono para que o aquecimento global se mantenha abaixo de 1.5°C, como prevê o Acordo de Paris.
O Brasil, por exemplo, está em quarto lugar no ranking de maiores produtores de lixo plástico do planeta, com 11,3 milhões de toneladas descartadas por ano, segundo a World Wildlife Fund (WWF). Do total de resíduos produzidos, apenas 1,28% é reciclado. Assim, o destino do plástico é um problema: 7,7 milhões de toneladas vão para aterros sanitários e 2,4 milhões de toneladas vão para céu aberto. Isso causa impacto para solo, cursos de água, na fauna e na flora e também às cidades.
“Cada brasileiro produz semanalmente, em média, um quilo de resíduos plásticos, equivalente a dois navios cargueiros de lixo. Apesar da consciência de que o plástico é reciclável, grande parte da população não faz a separação correta de resíduos. Essa falta de consciência e de programas educacionais aliada a uma fraca legislação dificulta a reciclagem no país”, explica Daisy Bispo, coordenadora da Fundação Heinrich Böll, em nota à imprensa.
As embalagens de uso único — como sacolinhas plásticas — são as principais vilãs nesse cenário, Do total de 400 milhões de toneladas de plásticos produzidos no mundo a cada ano, 158 milhões de toneladas são de recipientes. E os atuais sistemas de reciclagem não conseguem lidar com esse volume de resíduos: das mais de 9 bilhões de toneladas de plástico produzidas desde a década de 1950, menos de 10% foi reciclado, segundo o estudo.
“Existe um lobby muito forte das corporações em responsabilizar o indivíduo pela reciclagem, enquanto continuam a investir no aumento da produção de plásticos. O cumprimento efetivo da política, a redução da produção e a reciclagem dos produtos são fundamentais para mudarmos esse cenário”, defende Marcelo Montenegro, coordenador de Programas e Projetos da Fundação.
Por Galileu
0 Comentários