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Mulheres são maioria no setor da reciclagem de resíduos sólidos

Lugar de mulher é onde ela quiser. Inclusive nas esteiras das cooperativas que recebem, selecionam e comercializam os resíduos sólidos da indústria – plástico, papel, alumínio e vidro. Atualmente, 70% dessa mão de obra é composta por mulheres.

Os dados são de um estudo feito pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), em 2014. Segundo o relatório do MNCR, organização que representa o setor há 18 anos, existem no Brasil cerca de 800 mil pessoas trabalhando no ramo da reciclagem. A maior parte das mulheres atua dentro das cooperativas, enquanto os homens estão mais presentes atuando como catadores. Vale mencionar que essa taxa coincide com o que ocorre em outros países, como Índia e Tailândia, onde elas também são maioria nesse segmento.

Ainda segundo o estudo do MNCR, os homens dominam o trabalho nas ruas – representam 72% dos trabalhadores. Entre as razões para esse fato, estaria a maior facilidade das mulheres de trabalhar em grupo e a própria segurança – uma vez que, nas ruas, recolhendo o lixo reciclável, elas ficam mais expostas a acidentes e à violência.

Para Kátia Regiane da Cruz, de 39 anos, entrar para a Coopercaps não foi apenas uma oportunidade de trabalho. A cooperativa de coleta seletiva em atividade há 16 anos, em São Paulo, deu à trabalhadora outra perspectiva sobre o lixo. “Mudei os meus hábitos e ensino isso aos meus filhos e vizinhos”, diz a moça, que entrou há 12 na cooperativa e hoje é especialista na separação dos diferentes tipos de plástico que chegam para triagem. “Sei reconhecer pelo toque e pelo cheiro”, diz Kátia, que tem três filhos, com as idades de 22, 14 e 13 anos. “O mais velho já trabalha comigo.”

Segundo Kátia, ainda há muito preconceito sobre o trabalho com resíduos sólidos. “Quando eu conto o que faço, as pessoas desdenham porque lido com lixo”, diz a moça, que acredita haver ainda muita falta de informação por parte das pessoas sobre as possibilidades de reuso do plástico e outros materiais. “Sempre que posso, ensino as outras pessoas como separar o lixo e levar para a reciclagem.”

Vale ressaltar que o trabalho de Kátia e de cooperativas como a Coopercaps é parte fundamental para a implementação de uma economia circular – que é o que permite que o plástico (e outros materiais) seja reciclado para virar novamente matéria-prima para a indústria.

De acordo com Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em entrevista ao site “Poder 360”, a economia circular é uma alternativa desejável ao modelo de economia tradicional. Isso porque, enquanto esta última envolve produção, consumo e descarte (de maneira linear), a economia circular defende o uso dos recursos naturais com menos desperdício – uma vez que o lixo se torna matéria-prima. E mais: permite que as empresas reduzam custos e perdas, gerem fontes alternativas de receita e diminuam a dependência de matérias-primas virgens.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), a produção de lixo, no mundo, será 70% maior em 2030 – em comparação à quantidade atual, que é de 1,3 bilhão de toneladas. A gestão dos resíduos e o descarte correto de materiais é, portanto, mais urgente do que nunca, para garantir um desenvolvimento sustentável no futuro.

Em um texto publicado pelo site Ecycle.com.br, o diretor do Centro Internacional de Tecnologia Ambiental (IETC), ligado ao Pnuma, Matthew Gubb, afirma que a gestão de resíduos tem enorme potencial para transformar problemas (o lixo) em soluções (energia, matéria-prima). Garantindo ganhos inéditos que virão da recuperação e reutilização de recursos valiosos. E é para a concretização desse cenário que Kátia e seus colegas cooperados – homens e mulheres – trabalham com dedicação. “Fico feliz em saber que a minha atividade ajuda a natureza a se recuperar”, diz ela.

Website: https://www.nationalgeographicbrasil.com/reciclagem-que-transforma

Por Terra

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